Alguma Literatura

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domingo, 8 de janeiro de 2012

Dorme, anjo, dorme


              (Imagem: http://gn9ne.blogspot.com/2011/02/snake-face.html)



CASCAVEL na cama
Sob o pano branco
Seu silvo reclama
Num chiado pranto
A volta de um tempo

A COBRA no leito
Onde requebra oculta
No lado em que me deito
E indaga e consulta
Sobre o seu tempo.

COBRA sob a fronha
Com o mundo espantada
Esconde a peçonha
Por envergonhada
De estar nesse tempo.

SERPENTE encoberta
Foge da malícia
Que existe na terra
E me pede notícia
De um outro tempo.

Quando pôde ontem
Sussurrar manobras
Na orelha do homem
Que ouvia as cobras
Como aluno ao mestre.

Dorme, anjo, dorme
Guarda em teu sono
A inocência que
Se no mundo não mais há
Não é por culpa sua.

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