Alguma Literatura

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domingo, 25 de agosto de 2013

ENCARNAÇÕES DA FACA (final)

ENCARNAÇÕES DA FACA


11. MAL NOTURNO

Gente de carne, como é boba
Tua prevenção contra essa outra
De aço
De aço.

A lâmina não é fria,
Mas tua pele quente.

Tampouco, cortante,
Pele tua é que se desfaz, falta de coesão.

Essa, a ela sobra.
Coesa, precisa, ri de ti
Com ironia.
(O sorriso do cirurgião segundos antes
Da incisão).

Ela não carrega culpa.
O punho não o é, mas fronteira.
À culpa, cigana viandeira,
Só é dado trafegar dele
Para lá.

Mas pesadelos, os tem:
Diante de si, costas suculentas.
Por mais que voe,
Por mais que tente,
E que se esforce
Não consegue
Sangrá-las.




sexta-feira, 23 de agosto de 2013

ENCARNAÇÕES DA FACA (parte 10)

ENCARNAÇÕES DA FACA


10.


(É, o pensamento) a mais imprevisível das substâncias construtoras de mundos – caretas para quem vem no sentido oposto. Alguém nota? Quem nota ri? Eu gargalho como uma nuvem.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

ENCARNAÇÕES DA FACA (parte 9)

ENCARNAÇÕES DA FACA


9. CATÃO DE ÚTICA

O olhar severo
Que tinha catão –
Um homem austero –
Não era facão

Na vazia Útica
Catão solicita
A espada sua
Que fora escondida

Não era tesoura
Machado não era
Ou tosquiadora
Bisturi ou serra.

Seu servo, chorando,
Por fim lhe entrega
E deixa seu amo
Cumprir sua tarefa

Não era punhal
Cutelo ou adaga
Ou uma banal
Faca de estocada

No estômago um corte
E sujam o chão
Vísceras do forte
Do limpo Catão

Não era peixeira
Espada ou navalha
Foice ou lambedeira
Ou outra que o valha

Já quase sem vida
Ele encontrou meios
De abrir a ferida

Com os próprios dedos.