Eis uma tentativa de resposta.
É difícil conversar com pessoas que não partem de fatos para formular
razões, mas de causas para expressar vontades (desejos).
Se você dissecar o texto de um desses iluminados procurando por linhas
racionais de argumentação conectadas a fatos conhecidos, ou você vai concluir
que ele é cego (não vê os fatos) ou que ele é irracional (não produz linhas
racionais de pensamento).
Sua própria linguagem é caótica. É que por não colocá-la a serviço da
razão, mas da sua vontade de “lutar” por uma causa, eles não se expressam
através de argumentos, mas de
cacoetes verbais que são cuspidos diante de certos estímulos.
Exemplifico. Ao ouvirem a palavra “Globo”,
disparam: “A Globo mente, desinforma e manipula”; ou “A grande mídia é
corrupta, venal e golpista” ou “É preciso ‘democratizar’ os meios de
comunicação” e etc. Trata-se de um sistema fechado de reações a estímulos que
passa, para os ouvidos mais desavisados, por conhecimento e eloquência, quando
nada mais é, nesse caso, do que a boa e velha falácia ad hominem, que consiste
em depreciar o mensageiro ao invés de contraditar a mensagem.
Assim, quando os fatos contradizem as bases de suas causas (ou crenças),
o iluminado não abandona essas últimas, mas luta contra aqueles.
Esse ponto é especialmente fascinante.
Os iluminados lutam contra os fatos utilizando-se do já mencionado
sistema de cacoetes verbais. Por exemplo: depois de você esfregar os fatos na
cara dele, ele dirá: “Mas essa notícia foi publicada na grande mídia que é corrupta,
venal e fascista”.
Mas essa negação dos fatos pode adquirir outras roupagens. Como a de se
jogar o manto cinzento da dúvida sobre fatos nítidos e conhecidos, como se
vinte interrogações aleatórias anulassem uma exclamação muito bem fundada. O
resultado dessa operação mental é que o que antes era distinguível se torna obscuro
e confuso. Desse modo, eles se tornam os "desdescobridores" do mundo,
pois proclamam, com extrema satisfação por sua própria inteligência, que certos
entes, entidades, valores ou visões de mundo não existem (e nunca existiram).
Isso, a despeito de esses mesmos entes, entidades, valores ou visões de mundo
não só existirem como serem alguns dos alicerces do que chamamos de humanidade.
É nesse contexto que eles afirmam que gênero não existe, que família não existe,
que direita e esquerda não existem, que certo e errado não existem etc.
Você procura entender o mundo? Então você certamente investiga os fatos
dados procurando por padrões, diferenças, semelhanças e relações entre os
fenômenos. O esquerdista iluminado não quer entender o mundo, mas mudá-lo. Por
isso ele rirá do seu esforço e dirá: "Não perca tempo, o mundo é uma
grande massa cinzenta. Não existem distinções relevantes entre os fenômenos. É
tudo a mesma coisa!".
Em suma: é frustrante conversar com um iluminado se você procura por
fatos, razões, argumentos ou análises, já que tudo que ele tem para lhe
oferecer são causas, vontades (voluntarismo), cacoetes verbais e “narrativas”.
Além, é claro, da inabalável convicção de que ele luta por um mundo melhor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário