Seria
possível, num relance, descobrir as armas de sedução de uma
desconhecida?
Observemos,
por exemplo, essa mãe solteira a esperar seu ônibus. Ela conversa
com a irmã enquanto fiscaliza o rebento. Fumante, entre uma e outra
frase volta a face ao firmamento e bafora.
A
tia provoca o garoto, que se agarra nas pernas da mãe. Essa usa as
coxas para encorajá-lo a falar. Suas coxas dirigem os movimentos de
sua cria melhor do que fariam suas mãos? Elas poderiam governar o
mundo, tamanha sua confiança. Com elas é que ela pretende controlar
os homens?
Temo
não podermos tirar conclusões de um gesto tão efêmero.
Também
seria inútil tentar interpretar sua forma de conter a criança,
quando essa se impacientou com a demora da tia: “A dinda já vem!
Calma, ela vem já já!” Constrangida, sorria para estranhos como a
lhes pedir aprovação ou ajuda. Ou a propor-lhes uma frágil aliança
fundada na estranha cumplicidade que certos adultos nutrem entre si,
quando se trata de disciplinar os pequenos. Os ecos desse
comportamento chegariam à alcova? Se sim, quais seriam eles? O mudo
pedido de ajuda a completos estranhos denunciaria uma amante egoísta,
focada apenas no seu próprio prazer? Ou seria a necessidade de
aprovação indício de uma personalidade fraca, propensa mais a
ceder do que a exigir?
Mais
um beco sem saída. Melhor cair fora.
Bravo!!!!
ResponderExcluirA decisão certa, pode crer.
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