Alguma Literatura

Alguma Literatura

domingo, 26 de maio de 2013

ENCARNAÇÕES DA FACA (parte 3)


ENCARNAÇÕES DA FACA


3. CADERNO POLICIAL

Foi faca de ponta
Num entra e sai
Que provou, mãe conta,
Sangue de meu pai.

Quem matou, não diz
Não quer nominá-lo,
Mas foi por um triz
Que não morreu Carlos.

O Carlos, tio meu,
Foi bem socorrido
Curado, viveu
E bem tem vivido.

Ele é pai pra mim
Só vi o de sangue
Na foto carmim
Lá no alto da estante.

Minha mãe, um dia,
Sumiu com o retrato.
Eu, por rebeldia,
Fui dormir no mato.

Volto no primeiro
Coricar do galo
Luz de candeeiro
Na fresta do quarto

E encontro, na cama,
A mãe com o tio.
Acende, inflama
Meu curto pavio.

Quando vi, morreu.
Corpo ensanguentado.
“Hoje, filho meu,
Seu pai foi vingado!”

Nenhum comentário:

Postar um comentário