Alguma Literatura

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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Abordagem





Escreva o poema em papel seda. O tabaco no papel enrole. Acenda o brejeiro com o fogo que, faz mais de uma hora, prepara uma feijoada. Observe as letras no ar. As que se disfarçam de fumaça, ignore. Anote-as em um jornal de domingo. Evite o suplemento cultural, prefira o caderno de esportes. Recomponha palavras, versos e estrofes. Risque as rimas por acaso formadas. Descarte, em pedaços, o diário. Tome o cuidado de com o poema sonhar. De segunda a sábado, palavra por palavra, o poema vá reescrevendo ao despertar. Dessa vez, mantenha as rimas, mas apenas as pornofônicas. Em um domingo em que se coma feijoada, escreva o poema na seda. O procedimento repita até que ele, ou você, enfim retroceda.


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