Alguma Literatura

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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Tauromaquia






O paseo já tem início.
Passos firmes de herói
Olhadela ao precipício
Por mais que fugaz, corrói.
- E tu, fera, tens já medo?
- Não. O porvir desconheço.

O homem que empunha a lança
Destreza veloz: montada.
O animal fere e alcança
Prepara a faena aguardada.
- Touro, és forte, mas lento.
- Luto, mas golpeio o vento.

Altivo, o Toureiro a capa
Rubras asas. Inflam. Somem.
Hora esconde, hora destaca.
O Feroz só roça o homem.
- Touro, és acaso cego?
- Não. Miro, mas não acerto.

Bandarilheiro boçal
Empáfia. Som de fanfarras.
Adorna o belo animal
Ganhando vivas e palmas.
- Por que não gritas, oh Touro?
- Eu grito, mas não me ouço.

O Assassino, com a muleta,
Música ainda mais alta.
Parece varrer poeira
Que lhe caiu na ribalta.
- Quase feriste o inimigo:
- Cabecear não consigo!

O Animal ergue a espada
A tensão incha o instante.
E executa a estocada.
Touro ao chão, resfolegante.
- Touro, morres com hombridade.
- Sanguinária humanidade...

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