Alguma Literatura

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sábado, 24 de dezembro de 2011

O vendedor de chapéus (parte 3)


3


O
f e n d i d o     e   a c u a d o
Recolheu-se àquele pobre,
àquele   imundo     barraco,
a m a r e l o       t e r r a :        o c r e.

Sem labor – a fantasia
única que possuía –
que a ele foi negado
ficou logo adoentado.

Com a notícia que morria
a correr à luz do dia,
procurou-lhe velha ossuda,
ex teúda e manteúda,
que por Anita atendia.

Com ela vivera antes
de ser vendedor andante.
Em noite de valentia,
choro, faca e gritaria.
Largara-a para trás.

Foi com ponta de alegria
que a avistou em seus quintais.

Anita:
-Depois que ocê deixou eu
minha barriga cresceu
e nasceu, bem no Natal,
menino, que hoje é fiscal.
Que tá lá fora esperando
Pra mor de falar co ocê.

Natalino foi entrando
e começou a dizer:

Se te odiei já não sei
talvez sim, pois foste ausente,
mas nunca te quis doente
nem perseguido da Lei.

Eu não sei se te quis mal
talvez sim, por não amado,
mas nunca te quis domado
tal como bruto animal.

O que peço é teu perdão
e seu quepe jogou fora
se ele me der agora
terei minha redenção.

Peço: abra o coração
e tirou o seu colete
e esse teu filho aceite
antes da extrema unção.

Herdarei tua condição
e pôs a vara nas costas
com as chagas a ti impostas
sem qualquer hesitação.

Não morre o teu evangelho
já vestido como o velho
tomo a vida que é sua
em mim você continua.

Do teu pregão farei canto
já em desatado pranto
tomo a vida que era sua
em mim você continua.

O vendedor de Chapéus:
-Pois vejo que sois um burro,
desses de sonoro zurro,
ou será que não enxerga
que sempre vivi na merda?



FORMA ERRADA OU CERTA
O   QUE ,   MAL    OU    BEM
E S C R E V E U      ALGUÉM,
POR   AQUI   SE    ENCERRA.
      

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