Alguma Literatura

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sábado, 12 de novembro de 2011

Bom dia, boa noite

Numa esquina.

-Estranho Conhecido, por que a pressa?
Sempre nos vemos, de passagem, estranho.
Na mesma esquina - bom dia - na mesma praça - boa noite, entra ano sai ano.
Mas agora, Estranho conhecido, só lhe vejo com as mãos nos bolsos.
Não mais sorri nem cumprimenta.
Não me aperta a mão, apressado.
Desconhece-me?

-Não, estranho familiar.
Sei onde mora e onde atende:
Rua do Contorno, 81 e Vargas 1 milhar,
respectivamente.
Se tenho faltado com o compromisso de esquina, e de praça, escondendo as mãos
é porque, agora, as tenho em garra.
Se não lhe mostro os dentes
é porque os tenho em gume.
Se já não me ouve a voz
é porque uivo, por descuido.

-Se lhe desperto o Lobo, Estranho Conhecido,
já não precisamos nos falar.

Seguem. Cada um seu caminho.

Rua do Contorno, 81.
O Estranho Conhecido bate na porta.
É recebido por uma Loba:

-Por que demorou?

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